sexta-feira, 4 de abril de 2014

Testes Ortopédicos do Complexo do Ombro




Ombro doloroso é uma síndrome caracterizada por dor e impotência funcional de graus variados, que acomete estruturas responsáveis pela movimentação do ombro, incluindo as articulações, tendões e músculos, ligamentos e bursas.

A estes sintomas se agregam àqueles que caracterizam transtornos ou afecções locais ou a distância de implicações etiopatogênicas no aparecimento da síndrome.

As formas clínicas do ombro doloroso se classificam da seguinte forma:

• Quanto à intensidade dos sintomas;
• Quanto ao tempo do início da doença;
• Quanto ao exame radiológico.

E quanto ao aparecimento de sintomas como:

• Agudas;
• Subagudas;
• Crônicas;
• Com ou sem calcificações.

Os sintomas da forma aguda são: dor intensa na região da articulação escápulo-umeral agravada pelos movimentos; irradiação da dor para o pescoço, às vezes para o braço, inserção do deltóides e pontas dos dedos; limitação dos movimentos com dor extrema a ligeira abdução ou rotação; hiperalgesia na região do troquiter, apófise caracóide e sulco bicipital. Os sinais radiológicos são encontrados em 50% dos casos.

Na forma crônica encontramos os seguintes sintomas:

• Atrofia do deltóide supra-espinhoso;
• Incapacidade de movimentos articulação escápulo-umeral (abdução-rotação);
• Dor localizada ou irradiada de pouca intensidade;
• Hiperalgesia

Os sinais radiológicos são de atrofia da grande tuberosidade do úmero (calcificações).

Podemos dividir didaticamente o ombro doloroso em várias síndromes diferentes, entre elas se destacam:

• Síndrome do impacto;
• Tendinite bicipital;
• Tendinite calcárea;
• Capsulite adesiva;
• Artropatias;
• Originada em outros locais;
• Extrínsecas (neurites braquial, tumor Pancoast, síndrome ombro-mão, neoplasias, metástases, diabetes mellitus, hipo-hipertiroidismo, anquiloidoses).


1. Tendinite bicipital

A tendinite bicipital se manifesta geralmente por dor na região antero-superior do ombro. O tendão da cabeça longa do bíceps ao passar através do sulco bicipital pode inflamar devido a traumas repetidos como por exemplo em indivíduos envolvidos em atividades de arremesso devido ao movimento de desaceleração do bíceps . Nesta situação o bíceps age como um estabilizador importante do ombro tracionando a cabeça do úmero para dentro da fossa glenóide. Se os outros estabilizadores estiverem enfraquecidos (manguito rotador) o bíceps será mais exigido. A dor pode ser aguda, porém usualmente é crônica e é relacionada ao pinçamento do bíceps pelo acrômio. Pode ocorrer ruptura posterior em alguns casos. A palpação sobre o sulco bicipital se mostra dolorosa. É importante fazer a palpação bilateral para efeito de comparação. É muito comum sua associação com a tendinite do manguito rotador.

Diagnóstico

• Dor na face anterior do braço e ombro localizada sobre o tendão, principalmente na corredeira bicipital.
• Para o diagnóstico é importante a palpação local e as movimentações especiais.
• Teste de Yergason: dor local quando o paciente faz supinação do antebraço contra-resistência numa posição de cotovelo fletido a 90º junto ao tronco.
• Teste de Speed: dor espontânea ou a palpação pela flexão do ombro contra resistência
• Diminuição da força e potência do músculo.
• Dor ao alongamento passivo da musculatura.

Tratamento

• Repouso.
• Fisioterapia.
• AINE, se necessário.
• Infiltração com corticosteróide: nos casos crônicos (deve-se levar em conta a possibilidade de ruptura do tendão após a infiltração, sendo assim indicada a realização por profissional especializado.


2. Tendinite de supra-espinhoso

As tendinites dos músculos rotatores, especialmente do bíceps e do supra-espinhoso, formam a maioria das incapacidades funcionais do ombro, e são importantes fatores na ruptura desses tendões. A tendinite do supra-espinhoso pode ser causada por relações anatômicas desfavoráveis, levando a isquemia local e degeneração. Exercício muscular excessivo, traumas e atividades repetitivas do braço podem levar ao quadro de tendinite. A tendinite bicipital pode ser encontrada como uma entidade isolada, mas freqüentemente é secundária a lesões nas bainhas dos rotatores.

Diagnostico

• Dor localizada na região antero-lateral do ombro, é mais intensa durante a noite a na posição de decúbito homolateral.
• A dor exacerba-se durante a abdução (elevação) do braço, particularmente na porção média deste movimento, e mais se for contrariada, isto é se o movimento for bloqueado por outro. Pode, nos casos mais graves, irradiar-se para o todo o membro superior.
• Teste de Apley e Jobe positivos.

Tratamento

Como na tendinite bicipital o tratamento é realizado com repouso, fisioterapia e antiinflamatórios.

3. Tendinite calcária

A tendinite calcária e uma patologia caracterizada por um processo inflamatório crônico com fases de agudização que acomete o manguito rotador (principalmente o tendão supraespinhoso. As mudanças degenerativas que ocorrem no tendão do supra-espinhal durante o processo de envelhecimento, combinadas com esforço, podem causar inflamação crônica com depósitos de cálcio. Os depósitos de cálcio podem se romper dentro da bolsa que recobre o tendão do supra-espinhoso. Isso alivia temporariamente a situação mas pode causar bursite. Alternativamente, os depósitos podem desaparecer de maneira espontânea 2 a 3 semanas após sua formação, ou simplesmente continuar sem nenhum sintoma. Tem etiologia desconhecida, atinge pessoas geralmente acima de 50 anos, mas pode ocorrer em atletas relativamente jovens, entre 30 e 35 anos e com mais freqüência o sexo feminino, podendo ser bilateral em 20% dos casos. A fase aguda da doença se manifesta por dor intensa no ombro, provocando limitação da mobilização ativa e passiva do ombro e, ocasionalmente, eritema no local. Nos casos mais intensos o paciente pode evoluir para a capsulite adesiva.

Diagnóstico

• Exame de Raios X permite a visualização de calcificação na área do tendão que pode ser de diversos tamanhos, dependendo do caso.
• Outros exames como ultra-sonografia e ressonância magnética podem ser necessárias.

Tratamento

Sem sintomatologia:

- Não requer tratamento.

Com sintomatologia:

- Fisioterapia;
- AINE;
- Infiltração com corticóide (deve ser evitada).


Tratamento Fisioterapêutico

Fase de tratamento de inflamação aguda ou crônica:
Mesmo se os sintomas forem crônicos ou recorrentes, se houver inflamação a abordagem inicial de tratamento será colocada-la sob controle.

• Para controlar a inflamação, promover a cicatrização e alivio de dor deve se usar modalidades fisioterapêuticas como crioterapia, laser, ultra-som, infravermelho e TENS.
• Para reduzir o trauma repetitivo que cause o problema, é necessária a orientação do paciente e sua cooperação. O ambiente e os hábitos que provocam os sintomas devem ser modificados.
• Para manter a integridade e mobilidade dos tecidos, inicie a mobilização precocemente

- Inclua amplitude de movimento passiva, ativo, contrações isométricas. É de particular importância no ombro estimular a função estabilizadora da bainha rotadora, bíceps braquial e músculos escapulares na intensidade tolerado pelo paciente.

- Para controlar a dor e manter a integridade articular, use exercícios pendulares sem peso para causar separação articular e movimentos oscilatórios que inibem a dor.

- Durante os exercícios nesse estagio deve-se ter o cuidado de evitar posições que levem a compressão, que são geralmente o meio da amplitude da abdução ou o final da amplitude quando o músculo esta alongado.

Fase de Tratamento subaguda/ de cicatrização:

Quando os sintomas agudos estiverem sob controle, a ênfase principal ficara no uso da região envolvida em movimentos progressivos não prejudiciais.

• Cinesioterapia

Para recuperar a ADM, o equilíbrio no comprimento e força muscular da articulação do ombro e cintura escapular deve elaborar um programa que vá ao encontro especificamente das limitações do paciente.
• Progredir a função do ombro, à medida que o paciente desenvolver força nos músculos enfraquecidos, desenvolver equilíbrio de força em todo o ombro e nos músculos escapulares dentro da amplitude e tolerância de cada músculo.

Reabilitação durante a fase crônica

Logo que o paciente tenha desenvolvido controle da postura sem exacerbar os sintomas, inicie treinamento especifico para o resultado funcional desejado.
• Para aumentar a resistência à fadiga aumentar o numero de series.
• Realizar fortalecimento muscular.
• Na orientação do paciente, instrua-o sobre como progredir o programa após a alta e como prevenir recorrências. A prevenção deve incluir:
- Alongamento e exercícios antes do trabalho
- Realizar pausas durante a atividade, se for de natureza repetitiva.
- Manter um bom alinhamento postural.

Referências Bibliográficas

• O’SULLIVAN, Susan B.; SCHIMITZ, Thomas J. Fisioterapia Avaliação e Tratamento. São Paulo: Editora Manole, 2004.4º ed. 1152p.

• WEINSTEIN, Stuart L.; BUCKWALTER, Joseph A. Ortopedia de Turek Princípios e sua aplicação. São Paulo: Editora Manole, 2000. 5º ed. 708p.

• PETERSON, Lars; RENSTRON, Per. Lesões do Esporte. São Paulo: Editora Manole, 2002. 3º ed.534 p.

• KISNER, Carolyn; LYNN, Allen Colby. Exercícios Terapêuticos Fundamentos e Técnicas. São Paulo: Editora Manole,1998. 3º ed. 746 p.

• GODINHO, Glaydson; FREITAS, José M.; VIEIRA, Agnus; ANTUNES, Leonardo; CASTANHEIRA, Eduardo. Tratamento artroscópico da tendinite calcária do ombro. Revista Brasileira de Ortopedia. Setembro de 1997.



Cintura Escapular














A região do ombro é um complexo de 20 músculos, 3 articulações ósseas, e 2 articulações funcionais que permitem uma maior mobilidade entre todas as regiões encontrados n
o corpo humano, proporcionando uma ampla variação para a colocação das mãos bem como, executando importantes funções de estabilização para o uso da mão, levantar e empurrar, elevação do corpo, inspiração e expiração forçadas e até mesmo sustentação de peso como andar de muletas ou "plantar bananeira", auxiliando no fator equilíbrio e muito mais.

Articulações que compõem o segmento

Sua composição não de um todo composta por articulações verdadeiras, neste segmento, encontram-se algumas articulações, ditas, funcionais (são articulações entre ossos e músculos, ou articulações com arquitetura diferente das articulações entre dois ou mais ossos). São 5 articulações, sendo 3 articulações verdadeiras e 2 funcionais. 


1. Composição Óssea: Escápula / Clavícula

2. Composição Articular: Acrômio-clavicular / Esterno-clavicular /Junção Escápulo-costal.

3. Movimentos:

Elevação / Depressão 

Adução / Abdução .

Rotação Superior / Rotação inferior,

(em conjunto com a abdução do braço).

4. Músculos:

Trapézio ( porção superior )
Levanta a escápula e auxilia na sustentação da abdução do ombro com o indivíduo em prono

Trapézio ( porção inferior )
Roda superiormente, aduz e estabiliza a escápula

Rombóide Maior
Aduz, estabiliza e roda inferiormente a escápula. Também eleva a escápula.

Rombóide Menor
Aduz, estabiliza e roda inferiormente a escápula. Também eleva a escápula.

Levantador da escápula
Eleva a escápula

Peitoral Menor
Abaixa a escápula

Serrátil Anterior
Estabiliza, aduz e roda a escápula para cima

Subclávio
Estabiliza e abaixa a cintura escapular

Peitoral Maior
Flexiona, aduz e roda medialmente o braço

Grande Dorsal
Estende, aduz e roda medialmente o braço

Deltóide
Aduz o braço atuando como um só músculo. Cada uma de suas porções têm ações particulares

Deltóide – fibras anteriores
Flexionam e rodam medialmente o braço

Deltóide – fibras posteriores
Estendem e rodam lateralmente o braço

Supra – espinhal
Abduz o braço

Infra – espinhal
Roda lateralmente o braço

Subescapular
Roda medialmente o braço

Redondo Maior
Aduz, estende e roda medialmente o braço

Redondo Menor
Roda lateralmente e estende o braço

Coracobraquial
Flexiona a aduz o braço

Tríceps
Estende o braço

Bíceps 
Flexiona o braço


5. Paradoxo de Codman

O paradoxo de Codman é um fenômeno que ocorre na articulação do ombro quando realizamos uma abdução de 180º, iniciada com a palma da mão voltada medialmente e o polegar apontando para frente e, depois realizarmos uma adução de 180º . Ao alcançarmos o ponto de partida, observamos que a palma da mão estará voltada para fora.

Isto ocorre porque existe uma rotação interna automática do úmero quando realizamos uma abdução acima de 90o de ADM. A comprovação para ocorrência desta rotação é verificada se tentarmos realizar o mesmo movimento anterior partindo com uma rotação externa do úmero. A abdução será limitada a 90o , pois o tubérculo maior do úmero irá chocar-se com o arco córaco – acromial, impedindo a ADM total do movimento.

Portanto, a rotação automática do úmero é essencial para que a tubérculo maior do úmero não se choque com o arco córaco – acromial, possibilitando sua total ADM neste movimento.

Avaliação Fisioterapêutica do Ombro




















Avaliação Fisioterapêutica do Ombro

1. Revisão de Anatomia


Articulação esternoclavicular:

�� É uma articulação sinovial, selar, com 3 graus de liberdade, que, juntamente com a articulação acromioclavicular e a glenoumeral, habilitam o úmero a mover-se através de 180° de abdução, sua posição de repouso é com o braço estendido ao lado do corpo, sua posição de aproximação máxima é dada pela elevação completa do braço.

Articulação acromioclavicular:

�� É uma articulação sinovial plana que aumenta a amplitude de movimento do úmero, tendo sua posição de repouso quando o braço encontra-se ao lado do corpo e posição de aproximação máxima com a abdução a 90°.

Articulação escapulotorácica:

�� Não é uma articulação verdadeira mas é parte integrante do complexo do ombro.

Articulação glenoumeral:

�� É uma articulação sinovial multiaxial (diartródia), bola-e-soquete e possui três graus de liberdade, tendo posição de repouso a 55° de abdução, 30° de adução horizontal (plano escapular) e posição de proximação máxima com abdução completa, rotação lateral.


2. Observações Importantes na Avaliação:


2.1. História Clínica
  • �� Histórico “padrão” ordenado (identificação, anamnse, HPMA, exames complementares).
  • �� Qual é a idade do paciente?
  • �� O paciente sustenta o membro superior em uma posição protegida?
  • �� Se houve uma lesão, qual foi o seu mecanismo?
  • �� Movimentos que causam dor? Qual o comportamento da dor?
  • �� Há quaisquer atividades que causem ou aumentem a dor?
  • �� O que o paciente é capaz de fazer funcionalmente?
  • �� Há quanto tempo o problema vem pertubando o paciente?
  • �� Há qualquer indicação de espasmo muscular, deformidade, atrofia, parestesia?
  • �� O paciente se queixa de uma sensação de fraqueza e peso no membro depois da atividade?
  • �� Há qualquer indicação de lesão nervosa?
  • �� Qual das mãos é dominante?

2.2. Observação e Triagem

�� Avaliação geral para determinar que procedimentos específicos de avaliação estão indicados;
�� Exame das outras articulações adjacentes, acrescentando uma avaliação postural global;
�� Observação Geral: evidência de dano tecidual, edema, temperatura, hipersensibilidade, estalido ou  crepitação.

2.3. Inspeção

�� O ombro deve ser examinado nas vistas anterior, posterior e lateral;
�� Determinar alterações posturais;

Observar os pontos de referência ósseos, incluindo a artic. esternoclavicular, a clavícula e a articulação acromioclavicular e o processo coracóide; observar os pontos de referência ósseos, incluindo a coluna torácica, a escápula, a artic. acromioclavicular e as estruturas de tecidos moles, incluindo a parte superior do músculo trapézio, músculos supra-espinal, infra-espinal, redondo maior e menor e deltóide; posição da escápula (estruturas do ombro; retração / protração; depressão / elevação).

2.4.  Palpação

�� Palpação das estruturas e de referência óssea, dos tendões do manguito rotador, além do tendão da porção longa do bíceps braquial, palpação do tendão do bíceps.

2.5.  Mobilidade dos Segmentos

Triagem para amplitude de movimento: se forem identificadas limitações na amplitude de movimento articular, deverá ser realizado um teste goniométrico específico para se obter um quadro das restrições, estabilização e registro das limitações.

a.  Mobilização

Movimentos Ativos: Quantidade de movimento articular realizada por um indivíduo sem qualquer auxílio.   Objetivo: o examinador tem a informação exata sobre a capacidade, coordenação e força muscular da amplitude de movimento do indivíduo. O fisioterapeuta deve observar:

�� Quando e onde, durante cada um dos movimentos, ocorre o início de dor;
�� Se o movimento aumenta a intensidade e a qualidade da dor;
�� A quantidade de restrição observável;
�� O padrão de movimento;
�� O ritmo e a qualidade do movimento;
�� O movimento das articulações associadas;
�� Qualquer limitação e sua natureza.


Movimentos Passivos: Quantidade de movimento realizada pelo examinador sem o auxílio do indivíduo. A ADM passiva fornece ao fisioterapeuta a informação exata sobre a integridade das superfícies articulares e a extensibilidade da cápsula articular, ligamentos e músculos (Levangie & Norkin, 1997). O fisioterapeuta deve observar, na flexão do ombro, a resposta dolorosa, ligada ao arco de dor.

�� Quando e onde, durante cada um dos movimentos, ocorre o início de dor;
�� Se o movimento aumenta a intensidade e a qualidade da dor;
�� O padrão de limitação do movimento;
�� A sensação final do movimento;
�� O movimento das articulações associadas;
�� A amplitude de movimento disponível.

d. Mobilidade

Movimentos Ativos e Passivos
�� Articulação Esternoclavicular: elevação e depressão, protração e retração;
�� Articulação Escapulotorácica: elevação, depressão, abdução, adução, rotação para cima e para baixo;
�� Articulação Glenoumeral: flexão, extensão, abdução, adução, rotação medial e lateral, abdução e adução, circundução.

e.  Ritmo escapuloumeral

Fase 1: Úmero –30° de abdução
Escápula- movimento mínimo
Clavícula- 0-15° de elevação
Fase 2: Úmero –40° de abdução
Escápula- 20° de rotação
Clavícula- 30-36 ° de elevação
Fase 3: Úmero:60° de abd. e 90° de rot. lateral
Escápula- 30° de rotação
Clavícula- 30-50° de rot. post. até 30° de elevação

2. 5. Goniometria

�� Método para medir os ângulos articulares do corpo;
�� É utilizado pelos fisioterapeutas para quantificar a limitação dos ângulos articulares, decidir a intervenção fisioterapêutica mais adequada e, ainda documentar a eficácia da intervenção.

2.5.1.  Informações dos dados goniométricos

�� Determinar a presença ou não de disfunção;
�� Estabelecer um diagnóstico;
�� Estabelecer os objetivos do tratamento;
�� Direcionar a fabricação de órteses;
�� Avaliar a melhora ou recuperação funcional;
�� Modificar o tratamento;
�� Realizar pesquisas que envolvam a recuperação de limitações articulares

2.5.2.  Amplitude Articular- Goniometria

2.5.3.  Flexão do Ombro

�� O movimento ocorre na articulação glenoumeral no plano sagital, sendo acompanhado por movimentos nas artic.
esternoclavicular, acromioclavicular e escapulotorácica.
�� Amplitude Articular: 0-180°(Marques, 2003; Palmer & Apler, 2000), 0-170°/180° (Magee, 2002).

Precauções

�� Evitar a hiperextensão da coluna lombar;
�� Evitar a abdução do ombro e a elevação da escápula;
�� Permitir que a RM da artic. do ombro ocorra em aprox. 90° de flexão do ombro;
�� Permitir que o mov. escapular e da artic. clavicular ocorra em aprox. 30° de flexão do ombro;
�� Manter a artic. do cotovelo em extensão.

2.5.4.  Extensão do Ombro

�� O movimento representa o retorno da flexão e ocorre no plano sagital
�� Amplitude Articular: 0°-45°(Marques, 2003); 0-50/60°(Magee, 2002); 0°-50° (Palmer & Apler, 2000).

Precauções

�� Evitar a flexão do tronco ou elevação da escápula;
�� Evitar a abdução da articulação do ombro;
�� Evitar a adução escapular.

2.5.5.  Abdução do Ombro

�� O movimento ocorre no plano frontal. A abdução da artic. glenoumeral é acompanhada por elevação clavicular, seguida por
rotação lateral do úmero.
�� Amplitude Articular: 0°-180°(Marques, 2003; Palmer & Apler, 2000) e 0-170/180°(Magee, 2002).

Precauções

�� Evitar a flexão da coluna vertebral para o lado contralateral;
�� Evitar a elevação da escápula;
�� Permitir que o ombro rode lateralmente em aprox. 90°;
�� Evitar a flexão e extensão do braço.

2.5.6. Adução do Ombro

�� É o retorno a partir da abdução e ocorre no plano frontal. A adução horizontal ocorre no plano transverso.
�� Amplitude Articular (adução horizontal): 0°-40°(Marques, 2003); 0°-50/75°(Magee, 2002); 0°-30°(Palmer & Apler, 2000).

Precauções

�� Evitar a flexão ipsilateral da coluna vertebral;
�� Evitar a depressão escapular;
�� Evitar a rotação de tronco.

2.5.7. Rotação Medial do Ombro

�� Na posição anatômica, o movimento ocorre no plano transverso. Para a avaliação goniométrica, esta é abduzida e a artic. do cotovelo é fletida em 90° portanto o movimento teste ocorre no plano sagital.
�� Amplitude Articular: 0°-90°(Marques, 2003); 0°-60/100° (Magee, 2002); 0°-65/90°(Palmer & Apler, 2000).

Precauções

�� Manter a articulação do ombro abduzida em 90 graus para que o olécrano fique em linha com a fossa glenóide;
�� Evitar a flexão, extensão adução ou abdução na articulação do ombro;
�� Evitar a extensão do cotovelo;
�� Evitar a adução e abdução da mão;
�� Evitar a elevação e a inclinação anterior da escápula.

2.5.8. Rotação Lateral do Ombro

�� Na posição anatômica, o movimento ocorre no plano transverso. Para a avaliação goniométrica, esta é abduzida e a artic.
do cotovelo é fletida em 90°, portanto o movimento teste ocorre no plano sagital.
�� Amplitude Articular: 0°-90°(Marques, 2003; Palmer & Apler, 2000) 0°-80/90° (Magee, 2002).

Precauções

�� Manter a artic. do ombro abduzida em 90 graus para que o olécrano fique em linha com a fossa glenóide;
�� Evitar a flexão, extensão, a adução e a abdução da artic. do ombro;
�� Evitar a extensão do cotovelo;
�� Evitar a adução e abdução da mão;
�� Evitar a inclinação posterior da escápula.

2.6.  Movimento do Jogo Articular

�� O teste para folga articular determina a integridade da cápsula;
�� A folga articular deve ser sempre avaliada na posição destravada (decoaptação aberta) na qual a frouxidão da cápsula e dos ligamentos é maior e o contato ósseo é menor.
�� Deslizamento do úmero para trás e para a frente;
�� Distração do úmero;
�� Deslizamento caudal (tração longitudinal do braço);
�� Deslizamento do úmero em abdução para trás;
�� Distração lateral do úmero em abdução;
�� Movimentos ântero-posteriores e cefalocaudais da clavícula na artic. acromioclavicular;
�� Movimentos ântero-posteriores e cefalocaudais da clavícula na artic. esternoclavicular;
�� Movimento geral da escápula para determinar a sua mobilidade.

2.6.  Princípios dos Testes de comprimento muscular

�� A finalidade da avaliação do comprimento muscular (flexibilidade) consiste em determinar se a ADM que ocorre em uma articulação é limitada ou excessiva em virtude das estruturas articulares intrínsecas ou dos músculos que cruzam as articulações;
�� O comprimento do músculo é determinado pela distância entre as extremidades proximal e distal do músculo, sendo medido por seu efeito sobre a ADM da articulação.

2.7. Teste de Comprimento Muscular

�� Músculos extensores do ombro (grande dorsal, redondo menor, peitoral maior);
�� Músculos flexores do ombro (peitoral maior (porção clavicular);
�� Músculos rotadores mediais do ombro;
�� Músculos rotadores laterais do ombro;
�� Músculos escapulares.

2.8.  Testes Musculares Manuais

�� Parte integrante do exame físico, fornecendo informações úteis no diagnóstico diferencial, prognóstico e tratamento de patologias musculoesqueléticas e neuromusculares;
�� A avaliação da força muscular manual deve ocorrer quando forem descartadas outras limitações articulares ou musculares (encurtamentos) impedindo ou dificultando o movimento.
�� Trapézio superior e elevador da escápula;
�� Músculo trapézio médio;
�� Músculo trapézio inferior;
�� Músculos rombóides;
�� Músculo serrátil anterior;
�� Músculo peitoral menor e maior;
�� Músculo deltóide (porção clavicular, acromial e espinal);
�� Músculo coracobraquial;
�� Músculo grande dorsal;
�� Músculo redondo maior e menor;
�� Músculo supra-espinal e infra-espinal;
�� Músculo subescapular.

2.9. Avaliação Funcional

�� O complexo do ombro desempenha um papel integrante das atividades de vida diária, as vezes atuando como parte de uma cadeia cinética aberta ou parte de uma cadeia cinética fechada;
�� A avaliação funcional pode ser baseada em atividades da vida diária, trabalho ou recreação;
�� Utilização de escalas numéricas para lesões específicas;
�� Teste simples de ombro “ A practical tool for evaluating function: The simple shoulder test”.

3.0.  Testes Clínicos Especiais

Testes especiais para o ombro

• Teste de Yergason: É utilizado para diagnosticar tendinite e tenossinovite do tendão da cabeça longa do músculo bíceps do braço. A maneira mais simples de realizar o teste consiste em segurar, pronados, os punhos do paciente, sentado à sua frente, e solicitar que realize movimento de pronação forçada, contra as mãos do examinador. A presença de dor, sentida na região do sulco intertubercular do úmero sugere a presença de processo inflamatório no tendão do bíceps.

• Teste de Speed: braço em flexão, com antebraço estendido e supinado; colocar o dedo de uma das mãos sobre o sulco bicipital, e a mão oposta sobre o punho do paciente; que deve elevar o braço contra resistência. Testa o tendão do bíceps no sulco bicipital. Dor espontânea ou a palpação é indicadora de tendinite bicipital.

• Teste de Jobe: Avalia especificamente o músculo supraespinhoso. É realizado com o paciente em ortostatismo membros superiores em abdução no plano frontal e anteflexão de 30º, e assim alinhando o eixo longitudinal do braço com o eixo de movimento da articulação glenoumenral. O examinador faz força de abaixamento nos membros, simultânea e comparativa, enquanto o paciente tenta resistir. O teste será considerado alterado no membro que oferecer menor força. Um resultado falso positivo ou duvidoso pode surgir devido a interferência da dor.

• Teste do Subescapular de Gerber: O paciente coloca o dorso da mão ao nível de L5 e procura ativamente afastá-la das costas rodando internamente o braço, a incapacidade de faze-lo ou de manter o afastamento, se feito passivamente pelo examinador, pode indicar patologia do músculo subescapular.

• Teste de Apley: Avalia a tendinite do manguito rotador através do estiramento do manguito e da bolsa subacromial, obtida pela rotação externa e abdução do ombro. Pede-se para o paciente alcançar, por trás da cabeça, o ângulo médio superior da escápula contralateral.

• Teste de Neer: Sua finalidade é avaliar a síndrome do impacto. O examinador estabilizará a escápula do paciente com a mão esquerda e elevará rapidamente o membro superior em rotação interna com a mão direita. O choque da grande tuberosidade e do acrômio provocará dor. Este teste também é positivo em capsulite adesiva, instabilidade multidirecional, lesões da articulações acromioclavicular etc., portanto não é específico.